domingo, 17 de fevereiro de 2013

UMA QUESTÃO DE INVESTIMENTO



Não falo economês. De Karl Marx, só li o “18 Brumário”! “O Capital” foram só fragmentos pra mim. Tudo bem que já li aqui e ali alguma coisa sobre as teorias de David Ricardo e Adam Smith. E quem não lembra da velha lógica de Thomas Malthus quando falava do crescimento da população em progressão geométrica em contrapartida à progressão aritmética da produção alimentos?
Poderia fazer uma lista que iria de Keynesianismo, passando pelos Chicago Boys até chegar na política neoliberal do início dos anos 90. Mas seria só uma lista, pois como disse: “não falo economês”!
Então, pra que tudo isso? Respondo: quis fazer uma ressalva antes de falar de INVESTIMENTO. Assim não crio falsas expectativas.
Recentemente vi um programa de Tv fazendo uma explicação da queda do rendimento da caderneta de poupança nestes últimos meses, entendi pouca coisa. Mas entendi a parte em que um carinha lá dizia que tirou o dinheiro da poupança e preferiu quitar a moto à vista. O economista convidado do programa disse que “foi um bom negócio!”
Bem, mesmo sem ser um especialista, me arrisco a falar de investimento porque me considero um bem-sucedido. Espere que eu vou explicar!
Há alguns anos atrás, aproximadamente há nove anos, resolvi investir meus ímpetos da juventude, com todos os 'benefícios' da vida independente, num relacionamento a dois.
No princípio me pareceu um belo investimento, e realmente era! Sei que dei um passo seguro, quanto a ela, não posso dizer o mesmo. (Juro que EU era um negócio de alto risco!)
O resultado é que o que antes era uma aposta, hoje é uma certeza! Saí no lucro. Casei com uma bela jovem, hoje tenho uma grande mulher!!! Isso sem falar no fruto direto de toda essa negociação: minha linda filha!
Assim como os considerados bem-sucedidos opinam em matéria de economia, me atrevo a falar nesse tipo de investimento. Uma ressalva: não sou perfeito, sou um felizardo.
Mas, caso alguém queira fazer um investimento seguro, vão aí duas dicas: 1º – Comunicação. Como dizia o velho guerreiro, “quem não se comunica, se trumbica!”; 2º Aprender a ceder, pois, na vida a dois, quando um vence uma briga, os dois perdem! Como disse um amigo meu, que no início de seu relacionamento fazia questão de cantar de galo, agora com 5 anos de casado: “aprendi que vencer uma briga com a mulher, não é um bom negócio!” kkkkkkk.
Minha avaliação final: investir nos outros é um excelente negócio, desde que você aprender a lidar com as turbulências que volta e meia se apresenta. Mas todo bom investidor sabe que não deve recuar só porque a crise se desenha. É nessa hora que você aprende a se tornar um sucesso! E, garanto, vale a pena perseverar!
Vale a pena luta pelos amores, pelos amigos e pela família! Vale apenas arriscar!
Abraço a todos!

Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração". (Lucas 12:34)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ESMAGADOS PELOS DESCOBRIMENTOS



Passeando pelas páginas do jornal português "PÚBLICO" encontrei um texto muito bem escrito que discute a 'intrigante' relação do povo português com um momento marcante de sua história (e nossa, por que não?): OS DESCOBRIMENTOS.
Pois é, pensei em apenas deixar o link do texto, mas optei por também publicá-lo na íntegra aqui no blog. (http://www.publico.pt/Cultura/continuamos-esmagados-pelos-descobrimentos--1564595?all=1)

Eis...

As descobertas são o período da história que hoje parece dizer mais aos portugueses, mas nem sempre foi assim. Se a escola não mudar, aliás, elas correm
o risco de ser uma memória cada vez mais distante. Feita de glórias de navegadores, mas também do trabalho de homens comuns, de dúvidas e de corrupção.
O PÚBLICO começa hoje uma série sobre o que nos liga ao mar.
Uma data a decorar, um navegador feito herói, uma edição barata de Os Lusíadas, um professor de História que ficou, um livro com barcos naufragados, um infante que ganhou o mundo e um rei que perdeu um país. No meio de tudo isto, o mar e os territórios que os portugueses exploraram a partir do século XV. Um mundo maior, mas sobretudo um mundo diferente. Em que pensamos primeiro quando uma conversa passa pelos Descobrimentos? Por que falamos sempre em império quando tivemos mais do que um? Por que insistem os livros escolares em perpetuar mitos sobre a expansão e as descobertas? Privilegiamos esta parte da história porque gostamos de heróis ou porque precisamos deles? 
Muitas são as perguntas que surgem quando procuramos explicar a relação especial que os portugueses mantêm com os Descobrimentos, mas será que o conhecem? Será que é por ele que o mar tem um papel tão importante na cultura portuguesa, no seu imaginário, ou é só porque geograficamente Portugal é um país pequeno como uma costa grande? 
Fizemos estas e outras perguntas a dois historiadores e a um poeta e ensaísta. Quisemos saber, sobretudo, se os portugueses ainda estão, de alguma forma, “esmagados” pela memória de uma época em que tinham outro papel no mundo. Uma época em que havia Portugal em todos os continentes.
É verdade que hoje o público em geral identifica a época das descobertas como a que mais importante foi para a história de Portugal e, em particular, para a história de Portugal no mundo. Mas isso não significa que os portugueses estejam permanentemente a comparar o que são hoje com o que, segundo os livros de História que levaram para escola, foram há mais de 500 anos. Mesmo se os políticos recuperam ciclicamente essa herança em discursos e comemorações.
Vasco Graça Moura, poeta e ensaísta que entre 1988 e 1995 presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, reconhece que continuamos “marcados” pelo que Portugal foi capaz de fazer a partir do começo do século XV, mas que essa memória, tantas vezes de olhos fechados à dura realidade do dia-a-dia do país nessa época e carregada de mitificações, não molda o que somos hoje nem limita a leitura que fazemos do passado — ajuda, antes, a compreendê-lo. 
Temos um peso, uma carga histórica”, começa por dizer sentado no seu gabinete do Centro Cultural de Belém, de que é hoje presidente. “Sabemos que tivemos importância em relação ao mar, aos caminhos que ele abre. Isto mesmo quando não sabemos nada de história e não lemos Os Lusíadas. Por outro lado, há um sentimento de impotência disfarçada, de que hoje só vivemos dificuldades e ainda não encontrámos uma maneira de as ultrapassar, embora possamos pressentir que no mar pode estar a chave para a solução de muitos problemas.” 
Em tempos de crise como a que a Europa atravessa, com duros reflexos em Portugal, há uma certa tendência para fazer comparações “disparatadas” entre um presente amargo e um “passado de glória” que teve grandes protagonistas como o infante D. Henrique, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque ou Fernão de Magalhães, lembra Graça Moura, histórico social-democrata que durante dez anos foi eurodeputado. 
Se o tema dos Descobrimentos nunca saiu do discurso político, embora se cometa muitas vezes o erro de pensar que a sua instrumentalização se deveu sobretudo ao Estado Novo, é porque ele nunca saiu do discurso cultural, em particular do da literatura, com nomes como Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio, Antero de Quental e Cesário Verde, para além do óbvio Camões, por referências. 
No discurso político há sempre um macaquear do discurso cultural”, diz Graça Moura. “É evidente que um político quando se dirige aos seus eleitores tem de dar a noção de que está conotado com o passado deles, e que é herdeiro de uma determinada tradição histórica e cultural. Faz parte da mise en scène. Aqueles dois versos do Pessoa — ‘Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!’ — não deve haver político nenhum que não os tenha citado.”
Se hoje são os Descobrimentos o tema mais popular para o público não-especializado, isso não deve apagar o facto de a relação com esse período histórico nem sempre ter sido pacífica, lembra o historiador Rui Ramos. Para o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é preciso não esquecer que Quental dizia que as descobertas eram uma das causas da decadência de Portugal e que Alexandre Herculano tentou lançar a formação do reino na Idade Média como a parte da história que mais devia interessar aos portugueses na época contemporânea. Essa aposta no Portugal medieval é recuperada, explica Ramos, a seguir a 1974, devido à descolonização, a um certo desinteresse da comunidade historiográfica pela expansão, e aos trabalhos de referência do professor José Mattoso. Só em 1998 os Descobrimentos voltam a ganhar mais terreno, com os festejos da viagem de Vasco da Gama à Índia. 
É um tema muito central na nossa história. A expansão foi, no século XX, em relação com a colonização de África, extraordinariamente cultivada em termos de comemorações, de estudos”, explica, sublinhando, tal como Graça Moura, que o regime de Salazar não foi o único a servir-se ideologicamente dos Descobrimentos. A monarquia constitucional celebrou em 1894 o quinto centenário do infante D. Henrique e quatro anos mais tarde a viagem do Gama; em 1915, a própria república fez comemorações, ainda que modestas, dos 500 anos da conquista de Ceuta. No que toca aos Descobrimentos, há uma continuidade entre os regimes: “Tudo isso, obviamente, deixou um lastro que explica também que o regime democrático, quando teve oportunidade de fazer as suas primeiras grandes comemorações históricas, se tenha focado nos Descobrimentos em 1998, com a exposição internacional de Lisboa.” 

Para além de Gama
A Expo ’98 foi certamente um grande momento de divulgação internacional de Portugal, com a tónica posta num passado de glórias de navegadores e vice-reis e num presente e num futuro de grande modernidade. Os anos que a antecederam foram marcados pelo trabalho de historiadores e outros especialistas que trouxe muitas novidades ao que já sabíamos sobre os Descobrimentos, diz Graça Moura, lembrando que é também sobre esta época que incidem as duas grandes exposições internacionais que levaram a história de Portugal e a sua arte ao público estrangeiro.
Jay Levenson é um historiador de arte que comissariou as exposições a que o poeta e ensaísta se refere — Circa 1492: Art in the Age of Exploration (National Gallery de Washington, 1991) e a mais recente Encompassing the Globe: Portugal and The World in the 16th and 17th Centuries (Sackler Gallery, Washington, e Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, em 2007 e 2009) — e que se habituou a olhar para as descobertas através “do encontro de culturas” que é visível na arte que se produziu na Ásia, em África ou na Europa a partir das primeiras viagens de exploração.
Levenson, que hoje é director do programa internacional do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e foi também o comissário de outra das grandes exposições internacionais de arte portuguesa ligada à expansão, The Age of The Baroque in Portugal (National Gallery, 1993), é da opinião que “os portugueses ainda sentem o peso da sua época de ouro”, mas que esse peso, “apesar de por vezes parecer levar a um certo arrependimento”, não precisa de ser esmagador. Especialista em arte italiana da Renascença, não consegue evitar a comparação: “É como Florença. O que os florentinos foram capazes de fazer no século XV e no começo do XVI foi tão extraordinário para uma cidade-Estado tão pequena que não poderia ter durado para além de Galileu e nunca poderia ter sido repetido. Mas os florentinos têm nisso um grande orgulho, sem se lamentarem pelo facto de já não poderem desempenhar o mesmo tipo de papel no mundo. Parecem-me um bom modelo para Portugal.” Para Levenson, e tomando os Estados Unidos como exemplo, o público em geral está longe de ter noção da verdadeira importância que Portugal teve no mundo nos séculos XVI e XVII. É preciso que sejam os portugueses a fazer mais para que os alunos nos Estados Unidos e até em países europeus passem além de Vasco da Gama e do infante D. Henrique e percebam até que ponto foram essenciais para dar a ver um mundo novo, sobretudo em África e na Ásia. “Poucos são os alunos americanos que sabem que os portugueses chegaram à China em 1514”, diz. Poucos são os alunos portugueses, acrescentariam Graça Moura e Rui Ramos. 

Mitos do império
Para o antigo presidente da Comissão dos Descobrimentos, a escola tem tido, sobretudo devido a uma grande flutuação de metodologias, uma “papel extremamente negativo” na relação dos portugueses com o seu património cultural, seja no plano da língua, seja no da história. Ramos defende que os programas escolares não têm sabido seduzir os alunos para o estudo da História, perpetuando mitos, e às vezes nem isso. 
E de que mitos falamos? A Escola de Sagres, os Descobrimentos como um desígnio nacional mais do que um projecto da coroa e das elites que a rodeavam, a expansão com uma causa só e não como uma fenómeno altamente complexo e variado, a existência de um império, em contínuo. “Houve vários impérios, com curtos-circuitos”, diz o investigador do ICS. “Esse é outro dos mitos que podemos associar à história imperial — o de que o império começou em 1415 e terminou em 1975, ou em 1999 com Macau, ou em 2002 quando Timor se tornou independente. Todo o império africano é recente e efémero. Vem do fim do século XIX e dura 70, 80 anos e, nalguns casos, ainda menos.”
O que os livros de escola habitualmente não contam — ou pelo menos não exploram tanto como os feitos militares e náuticos — é que os portugueses foram desalojados do Oriente a partir do século XVII porque não tinham meios para competir com as outras nações, que o país chegou a estar perto da bancarrota em meados do século XVI e que, no quotidiano, os portugueses anónimos que fizeram a expansão viviam mal e estavam longe de pensar no seu tempo como uma época de ouro. “Era para as dificuldades que toda a gente olhava”, diz o historiador, mas, com o tempo, “as dificuldades do passado desaparecem e são as do presente que nos fascinam. Temos a tendência para projectar no passado a ideia de que não havia dificuldades, que é agora que estamos a decair, o que é ridículo”. Mesmo em termos contabilísticos, explica, o Brasil do século XVII e XVIII era muito mais importante do que a Índia do século XVI, mas foi a Índia que ficou na memória como a grande expansão. 
Não vivemos esmagados nem oprimidos pelo que Portugal foi nos Descobrimentos, garante Rui Ramos, mas gostamos de falar deles como quem gosta de contar uma boa história. 
Portugal é hoje muito mais rico e desenvolvido do que alguma vez foi no tempo dos Descobrimentos, mesmo em relação a outros países europeus. Mas a nossa ideia é de que éramos grandes então e agora somos pequenos e pobres, o que não tem nenhuma razão de ser, embora se compreenda.” Porquê? “É mais uma vez o fascínio da aventura, da proeza, da afirmação militar, das grandezas do Afonso de Albuquerque e de D. Francisco de Almeida. Isso continua a fascinar, mesmo quando nós não gostamos de o confessar. Essas são as grandes histórias que podemos contar. A grande história não é a da formação do Bloco Central entre 1983 e 84, com Mário Soares e Mota Pinto. A grande história é dobrar o cabo da Boa Esperança, a grande história é chegar à Índia, a grande história é conquistar Goa, a grande história é defender o Brasil dos holandeses… A grande história é a das aventuras, com emoção, a história que abre horizontes. As aventuras são matéria de filme e de romance, é a aventura que as pessoas procuram, verem na história algo de diferente do que é o quotidiano.” É talvez por isso que o discurso sobre o contacto de civilização e o progresso científico que os portugueses trouxeram ao mundo é subalternizado pela narrativa feita de heróis e batalhas, algo que é altamente empobrecedor, na opinião de Graça Moura. “Há uma dimensão humana, que até tem a ver com a própria noção de mestiçagem, que é fundamental em relação aos Descobrimentos. Há até um historiador francês que diz que somos todos bastardos e mestiços e que é por isso que somos inteligentes. Efectivamente, essa relação, no plano antropológico, no plano civilizacional, devia ser mais valorada e não tem sido.”
De fora ficam muitas vezes os relatos dos cidadãos que arriscaram tudo pela viagem, os meandros da corrupção na Índia e a desorganização nalguns territórios, lembra o ensaísta. Ramos defende que, se mostrássemos mais que esta não foi uma época de semideuses, mas de pessoas comuns que muitas vezes tiveram medo e dúvidas, que muitas vezes hesitaram e outras arriscaram, talvez os Descobrimentos tivessem ainda mais peso na cultura portuguesa e não fossem um tema fechado nos livros. Ou uma “memória cada vez mais distante”, como diz Graça Moura, uma memória que corremos o risco de perder. 
Para Rui Ramos, em Portugal reflectiu-se pouco sobre esta época, ao contrário do que se passou com outros países europeus que participaram na expansão entre os séculos XV e XX. Apesar de terem problemas na sua relação com este passado, França, Espanha ou Inglaterra “fizeram desta dimensão da sua história uma dimensão fundamental na sua relação com o mundo, pela projecção da língua e da cultura”, o que não aconteceu em Portugal, onde “os debates não foram tão intensos”. 

Ascensão e queda
Jay Levenson defende que estes países sentem o mesmo tipo de “nostalgia” de Portugal, mas, como têm uma história recente mais próspera, “essa nostalgia é mais contida”: “O peso é maior porque a ascensão e queda de Portugal foi mais dramática. Apesar de o seu desenvolvimento ter sido interrompido no final do século XVI, Portugal tem um segundo período de prosperidade imperial no século XVIII, o que faz com que, na verdade, sinta uma dupla perda.” Tal como Graça Moura, o historiador de arte norte-americano vê na língua uma extensão desse passado que pode ser promovida no presente, com grandes vantagens para o país, culturais e económicas. 
O facto de haver cada vez mais investigadores estrangeiros a olhar para este período — é preciso não esquecer que foi uma área que sempre teve grandes contributos exteriores, como o do historiador inglês Peter Russell (primeira biografia do infante D. Henrique) ou o do indiano Sanjay Subrahmanyam (grande estudioso de Vasco da Gama), sublinha Ramos — pode ajudar a manter viva a memória dos Descobrimentos, mas dando-lhe uma nova perspectiva.
Continuamos a ser actores da globalização quando vendemos uma empresa aos chineses ou fazemos um investimento no Brasil. É claro que não é o mesmo que chegar à Índia ou dobrar o cabo da Boa Esperança. No século XV e no século XVI há um protagonismo que permitiu aos portugueses reivindicar um papel numa história universal, mas essa também é uma história contada do ponto de vista dos europeus. Um dia ela poderá vir a ser contada pelos chineses e tudo isto pode ter uma dimensão bastante mais restrita e, provavelmente, o papel que julgávamos que tínhamos deixaremos de ter.” Mais uma vez, estamos sempre a valorizar em função do nosso tempo, adverte o historiador. “E neste momento temos já a sensação de estarmos a valorizar em função de um tempo anterior em que a Europa teve um peso no mundo absolutamente desproporcionado. Sobretudo entre o fim do século XVIII e o princípio do século XXI, o mundo foi quase Europa, antes não era e agora também já não é.” E como verão os portugueses este período daqui a 100 anos? Vai depender muito do mundo em que viverem, diz. “É muito difícil não apenas adivinhar o futuro, mas adivinhar a maneira como o passado há-de ser visto no futuro. Às vezes o passado é tão incerto como o futuro. As pessoas julgam que o passado está fixo e que o futuro é que é uma coisa que ainda não está decidida — é uma ilusão.”

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ENFIM, 400 ANOS! NÃO É VERDADE? NÃO, NÃO É!



 Neste 08 de setembro de 2012, comemora-se o tão badalado 400 anos da fundação francesa da cidade de São Luís. Uma das mentiras mais descabidas da História. Como uma voz que clama pela verdade no meio de um mar de engano, a professora Lourdes Lacroix há anos vem denunciando o MITO da fundação de São Luis.
Ainda na introdução da obra “A Fundação Francesa de São Luís e seu Mitos”, lançado em 2001, a autora destacou:

Ao acompanhar a ação de La Ravardière e seus comandados, minuciosamente descrita por Claude d'Abbeville e Yves d'Evreux, verificamos a ausência de iniciativas para a formação de uma cidade no local de chegada dos súditos de Bourbon. A mejestosa procissão dos nobre e outros componentes da expedição, com seu fardões e estandartes por ocasião da segunda Missa celebrada em Upaon-Açu, pareceu-nos tão somente uma exibição de força e poder dos recém-chegados, solenidade significativa de posse das terras oficialmente consideradas portuguesas, naquele momento sob o domínio da Coroa francesa. Vimos a Missa como o símbolo da propagação do Cristianismo e início da catequese daqueles infiéis tupinambás. Nada mais que isso. Nenhuma demonstração concreta de que aquele promontório teria sido escolhido para a sede da futura colônia.
Inquieta com essa verificação, recorremos aos nossos mais antigos históriadores, de Berredo a João Lisboa, e não achamos nenhuma alusão à fundação de uma cidade pelos franceses. Surpresa, continuamos o rastreamente e constatamos que a referida afirmativa surgiu numa época de decadência econômica e conseqüente marasmo social. Logo nos perguntamos o porquê dessa construção. A resposta parece estar relacionada ao inconformismo e até ao ressentimento que acompanhou esse declínio. O maranhense tratou de cultivar o seu orgunlho, buscando mecanismo de defesa que obnubilasse seu desencanto. Passou a louvar o passado, mostrando para o resto do Brasil aquela província diferente, de povo educado, instruído, culto, sempre atento à questão venacular, sementeira de poetas e literatos. Para confirmar essa singularidade, transladou a fundação de São Luís das mãos portugueses para os franceses, inversamente à história das outras cidades brasileiras”. (os negritos ficam por minha conta!)

Fiz questão de transcrever esta parte da introdução do referido livro, para fazer eco junto a esse discurso de reconstrução da História de nossa cidade. Fundada pelo português Jerônimo de Albuquerque, em 1616!
Percebam que o texto transcrito acima fala de um discurso criado para construir a imagem de um “povo educado, instruído, culto...”. A professora Lourdes Lacroix não é a primeira a destacar a mania de ostentação dos que habitam esta terra. Ainda no século XIX o clérigo Domingo Cadávila Veloso Cascavel afirmava “O Maranhão tinha mais orgulho do que instrução”. E quantos de nós já ouvimos aquele célebre “o português mais correto do Brasil!”?
Pois é...
Chamo atenção de vocês para outra parte interessante da introdução do livro, quando a historiadora diz que em busca pelos historiadores mais antigos de nossa história não havia qualquer alusão a esta fundação francesa.
Pois é, e hoje a imprensa narra aos 'quatro ventos' esse tão comemorado 400 anos. Mas, o que será que dizia a manchete do Jornal “A Pacotilha”, (publicado em São Luís) na edição nº 214, de 08 de setembro de 1900 ??? Quais eram os destaques a este aniversário??? Nenhum!!! Nem sequer uma nota! NADA!!!
Aos que duvidam, deixo o link para consulta do jornal...
Cuidado! Se você é um dos que adoram dizer que esta é “a única capital do Brasil fundada por franceses” você poderá se decepcionar. Desculpa!
E o jornal do dia 08 de setembro de 1912, o da comemoração dos 300 anos? O que será que ele diz? Infelizmente, no arquivos digitalizados pela Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, o nº 213 data de 07 de setembro e o nº 214 é de 09 de setembro. Portanto, parece-nos que não houve edição no dia 08, pelo fato ser um dia de domingo. Mas, na edição de 09 de setembro de 1912 há uma nota chamada “O CENTENÁRIO”. Vejamos o que diz:

Das festas remomorativas da posse de S. Luiz, pelos francezes, em 1612, o número de mais relevo foi, sem duvida, o constante do certame das produções maranhenses.” O texto segue e em seguida diz: “Orou, depois, o sr. Luiz Domingues, que salientou a passajem dos francezas do Brazil, referindo-se tambem aos acontecimentos da reconquista portugueza”. (mais uma vez, os negritos são por minha conta)

E é só! Nada mais nos 300 anos de fundação!!! Ou melhor, NADA sobre fundação! Como era de costume fala-se da PASSAGEM dos franceses, não de fundação! Outro costume era falar da RESTAURAÇÃO portuguesa! (Quem quiser conferir, deixo o link http://memoria.bn.br/pdf/168319/per168319_1912_00214.pdf)
Pois é, meus caros, dizer o quê???
Creio que antes de comemorarmos estes controversos 400 anos, devemos nos ater aos nossos problemas mais reais, por exemplo a falta d'água. Aliás, este problema não é novo. Convido vocês a lerem uma nota que foi publicada no já citado nº 214, de 08 de setembro de 1900, do jornal A Pacotilha, sob o título “Falta d'água”

Já não são queixas, é um verdadeiro clamor, a grita que de todos os lados se levanta pedindo providencia para a falta d'agua que desde hontem augmenta assustadoramente.
Hoje poucos foram os lugares em que não faltou de todo o precioso liquido.
E pensar, Deus do céo! que isto se dá quando, na melhor hypothese, ainda nos restam a atravessar quatro longos mezes deste interminável verão, e que até lá, dia a dia, se aggravarà este estado de coisas!
A prespectiva da sêde, e da falta absoluta d'agua para a hygiene domestica, em uma época em que
a variola, irropendo em vários pontos da cidade, ameaça-nos com as suas conhecidas devastações; em que do visinho Estado do Ceará a peste bubonica, atira-nos olhares cubiçiosos, colloca a população em uma situação mais que precária, afflictiva.
Se ainda é tempo de remediar, urge que os poderes publicos se movam ante mais este perigo.
Não é de hoje que pedimos providencias n'esse sentido. Quanto o governo tratava de reformar o contracto que tinha com a Companhia das Águas, em successivos artigos nos occupamos d'este ponto—que era um mal periodico—affirmando que os poderes público descurariam dos interesses da população, senão imposessem á Companhia, como base de qualquer accordo, a obrigação de estender a sua canalisação a outros mananciaes, afim de poder no verão supprir a cidade da agua necessaria, apoiando-nos no facto jà então provado se ser insufficiente, n'esta época, os mananciaes do Barreto para as necessidades da população.
O governo, como de ordinario, foi surdo os nossos reclamações; e o contracto que firmou, aggravando a sorte do consumidor, pelo augmento do preço da agua, não a poz a salvo do supplicio que ora a ameaça—a sede.
Convém, pois, remediar, se ainda é possivel.”

Sabe o que é possível concluir de tudo que foi dito? Se a festa é coisa NOVA, sustentada num MITO... os problemas são REAIS e bem ANTIGOS!!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Elucubrações de uma quarta-feira à noite...



 Antes de tudo uma certeza: sou feliz! Entretanto, não nego que às vezes me vejo diante do tal “e se...”. No auge dos meus, bem vividos, 31 anos, em alguns momentos resolvo pensar o que seria diferente se...
Quando comecei a ter ideia do que queria ser quando crescer, uma certeza: jornalista! Era realmente uma certeza, pois na minha cabeça um jornalista era o cara que vivia a vida da maneira mais incrível possível, e, melhor, sempre com tudo pago. Viajar, conhecer novas culturas, experimentar sensações novas... Tudo por conta.
Mas, depois de algumas tentativas frustradas de passar no vestibular para Jornalismo, resolvi mudar o foco... partir para a História. Vou dizer uma coisa: nunca na vida imaginei que um dia me tornaria Historiador (Professor). Porém, quando entrei para o curso de História, em nenhum momento me vi tentado a mudar, nada de torná-lo ponte para o Direito (como fizeram alguns amigos)... afinal, era uma possibilidade real de conhecer novas culturas. O convívio com a História me possibilitou o despertar para as temáticas políticas. Surgiu um novo interesse. Comecei a imaginar que depois de jornalista, uma outra coisa que eu gostaria de ser seria Cientista político! Não fui! Não sou!
Lá pelas tantas, já quase no meio do curso, algo de espetacular me aconteceu... percebi que era perfeitamente possível juntar ao que me era útil, as coisas agradáveis. A paixão pela imprensa e o novo affair pela política, se misturaram com o grato interesse pela História quando resolvi me tornar um “pesquisador” das questões políticas presentes na imprensa maranhense do século XIX. Daí vem aquela certeza que falei no início... sou feliz!
Hoje sei que a vida de jornalista não é um conto de fadas, tal qual eu imaginava... mas sempre que vejo um bem sucedido correspondente internacional, aparece o tal “e se...”.
E a vida segue... Sou professor! Tenho orgulho disso! Tento ser o melhor que posso, e acho que até aqui tenho feito um bom trabalho! E, quanto às viagens “por conta”, tenho a minha coleção de cartões postais que me permitem viajar pelo mundo sem sair de casa.
Como eu comecei o texto com uma certeza, vou terminá-lo com outra: SE tudo que eu fizesse de diferente, me levasse para longe do que tenho (tenho uma família linda!), eu não mudaria nada do fiz!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

TENHO CARA DE QUEM NÃO SABE EM QUEM VOTAR?



Em outubro de 2008 eu escrevi este texto e tive a oportunidade publicá-lo nos jornais O IMPARCIAL, DIÁRIO DA MANHÃ e ATOS E FATOS. Como a discussão me parece bem atual... tomo a liberdade de publicá-lo aqui. (Fiz questão de publicá-lo sem fazer alterações... está tal qual foi escrito na época)
Eis...

 Pergunto-me se ainda é válida, em tempos atuais, a velha máxima de que se conhece uma pessoa pela primeira impressão. Temo pela resposta afirmativa. Será que tenho estampado no rosto algo que denuncie a minha incapacidade em escolher em quem votar? Digo isto porque não me conformo com a odisséia que tem sido, em cada dia de eleição, a minha caminhada à Zona Eleitoral. Foi numa dessa que me fiz, pela primeira vez, a indagação: “tenho cara de quem não sabe em quem votar?”. Um oceano de mãos empunhando “santinhos” separava minha casa da cabine de votação.
Tempos depois, essa inquietação foi ficando mais séria. Dei-me conta de que todos aqueles rostos de “ilustres desconhecidos” não eram só para mim. Bastava ver as ruas ao final do dia. E agora, “será que tanta gente assim aparenta não saber em quem votar?”.
Conversando recentemente com um amigo do “mundo da política”, ele me disse que para um vereador se eleger numa cidade como São Luís era preciso ter muito dinheiro pra gastar. Pensei em segredo “para gastar com santinhos”. Mas então, porque investir tanto de dinheiro na produção destes? Deve haver algum retorno, em votos (é claro!!!). Fiz o dever de casa. Parti para a mais utilizada ferramenta de pesquisa dos últimos tempos... a internet. Nas minhas poucas horas de navegação pelo Google não encontrei um artigo sequer que apontasse consenso em relação à capacidade dos votos de última hora decidirem uma eleição. Aliás, um artigo da Jornalista Daniela Dariano, do Jornal do Brasil, traz a opinião de David Fleischer, Cientista Político da Universidade de Brasília, que afirma ser muito raro que este grupo seja capaz de “virar o jogo em eleições”.
De qualquer forma, supondo que fosse unânime o poder de decisão dos votos de última hora, uma realidade mais preocupante salta de dentro de minhas reflexões enquanto historiador. Qual a importância que nós, cidadãos dessa chamada democracia moderna (ou pós-moderna, como possam preferir alguns) damos ao direito de votar? Talvez seja necessário reacender na memória de nossos concidadãos o histórico de lutas que acompanham a conquista desse direito.
A formação da ideia de Nação no Brasil pós-independência ficou, em grande medida, sob a responsabilidade, autoatribuída, de homens da elite rural brasileira influenciada pelos ideais liberais que chegavam da Europa e dos Estados Unidos. Predominava entre estes homens o projeto de um governo estabelecido com bases moderadas, sem os riscos de uma democracia. Exemplifica bem este momento as ideias do Jornalista, Político e Poeta maranhense Odorico Mendes (1789-1864) que afirmava a incapacidade do povo brasileiro em, por meio do sufrágio universal, definir o destino da Nação.
A primeira Constituição brasileira, outorgada em 25 de março de 1824, veio consolidar os dois grandes projetos que marcaram o Governo de D. Pedro I: a manutenção da unidade territorial e a exclusão da massa das decisões políticas e econômicas. Com o estabelecimento do voto censitário (só votava que comprovasse renda anual superior a 100 mil réis), apenas uma pequena fatia pertencente à elite possuía direitos políticos. No final do Império, apesar do Brasil contar com uma população próxima dos 12 milhões, somente 1% tinha participação nas eleições.
Já no período republicano, a Constituição de 1891 instituiu o sufrágio universal. Uma ressalva: apenas 3% da população possuíam os pré-requisitos exigidos para exercício do direito ao voto. Estavam excluídos deste processo os menores de 21 anos, mendigos, analfabetos, soldados e clérigos. Às mulheres também era vetado este direito. O historiador José Murilo de Carvalho dizia que no início da República “os acontecimentos políticos eram representações em que o povo comum aparecia como espectador ou, no máximo, como figurante”. Somente a partir da Constituição de 1934 que foi estabelecido o voto secreto, estendendo-se o direito às mulheres (art. 108) e aos maiores de 18 anos. Continuavam privados desse direito os analfabetos, mendigos, cabos e soldados.
Durante a Ditadura Militar (1964-1985) o pleno exercício do direito de voto, por muitas vezes, não foi possível. O movimento a favor das eleições diretas (1984) reuniu milhões de pessoas que lutavam a favor do retorno da Democracia. Com a reabertura política, nessa nova fase da história republicana do Brasil, foi promulgada em 5 de outubro de 1988 a nova Constituição. A agência do Senado assim a definiu: “a Constituição inaugurou um novo arcabouço jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e os direitos e garantias individuais. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos.
Por tudo que vimos, é importante que tenhamos consciência do quanto de responsabilidade temos no ato de votar. É um direito, mas também é um dever de todos escolher com responsabilidade os nossos governantes.
Considero importante ressaltar que a intenção que nos guiou até aqui não foi de criticar a propaganda eleitoral e/ou o marketing político, que consideramos parte integrante e fundamental do processo eleitoral, mas sim o de fazer um alerta à sociedade para que esta possa exercer de forma plena e responsável seu direito de eleitor. E então cada um deve se perguntar: “Será que eu realmente sei votar?”.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A BELEZA FUNDAMENTAL

                                              

Quem conhece a Clécia, não haverá de discordar de mim. Apesar de ser uma pessoa alegre, de boa índole, prestativa e confiável, é de uma ausência absoluta de beleza. Na verdade, há quem diga que a feiura lhe foi confeccionada sob medida. “Feia com arte!”, para usar uma expressão de meu pai. Tenho certeza que vocês nem podem imaginar como pode alguém personificar a feiura tão bem quanto Clécia. Ou melhor, acho que talvez vocês já estejam até fazendo um desenho imaginário da dita cuja.
Haja visto que ainda não dei nenhum detalhe específico de suas medidas, cor dos olhos, tipo de cabelo, formato do rosto etc., cada um de vocês, possivelmente, tem usado seus parâmetros pessoais para estabelecer o que eu tenho chamado de “desenho imaginário” de Clécia.
Pois bem, vamos conjecturar um tanto sobre estes tais “parâmetros pessoais”. A pergunta é: até que ponto eles são pessoais? A resposta desse questionamento poderá ser pensado a partir de outros como “quem definiu o que é belo e o que é feio?”ou “qual o padrão de beleza?”.
Apesar de Historiador, não irei agora encher este texto com detalhes sobre a variação do padrão de beleza ao longo da História. Todos somos conscientes que “belo” e “feio” são conceitos construídos e reconstruídos por cada sociedade numa variação de tempo e de espaço. Se, em 1817, a bordo da nau que a trazia para o Rio de Janeiro afim de se casar com D. Pedro, Leopoldina foi aconselhada por seu médico a engordar um pouco para se ajustar ao padrão de beleza dos brasileiros, hoje é a “moda” é bem outra. Mas não preciso recorrer a exemplos escondidos no que restou de seus livros de História do tempo de escola. Não se faz necessário. Basta lembrar como nossas avós adoravam dar conselhos sobre estética e saúde. A minha dizia, “esse menino precisa engordar um pouquinho, tá muito magro, tá feio”! Devo confessar que eu era o famoso “canela e osso”... Mas, voltemos ao que interessa. Hoje, há um verdadeiro “coro” de exaltação à magreza. Isto para ficarmos apenas no quesito “peso”. Muito ainda se poderia falar se fôssemos discorrer sobre aqueles outros pontos que citei no início do texto.
Voltemos a falar de Clécia. Ela não existe, eu a inventei. Mas caso ela fosse real, sei de pessoas que sem dúvidas a consideraria encantadoramente linda, minha filha, seu filho, nossos pequenos. Vocês já pararam para pensar como estes conceitos estéticos são vistos de maneira singular pelas crianças? É tudo mais simples, mais verdadeiro! Quem é bom, é lindo! Quem é mal, é feio! E pronto! Não tem rodeios. E ai de quem tentar questionar o julgamento que elas fazem.
Se Vinícius dizia que “beleza é fundamental”, o jargão popular vai além: “quem ama o feio, bonito lhe parece”.
Agora que pretendo terminar estas breves reflexões, talvez alguém possa se perguntar o que me motivou a escrever sobre este tema? Serei direto. Minha filha não aceita o fato de que eu considero o Neymar feio! Fazer o quê? …é como eu disse “[...] E ai de quem tentar questionar o julgamento que elas fazem”.


Obs: quem se interessar em conhecer um pouco sobre a variação do conceito de beleza ao longo da História, poderá ler um texto interessante que encontrei na ed. 25 da Revista da Cultura. Eis o link: <http://www.revistadacultura.com.br:8090/revista/rc25/index2.asp?page=beleza_tempo>.


domingo, 15 de janeiro de 2012

COISAS DE FIM DE SEMANA... DE FÉRIAS!


by Sara Cristine


Noutro dia, um daqueles em que a gente só quer ficar em casa e curtir o momento em família e ouvir uma música bacana e tomar uma boa bebida, me deparei com as indagações que se fossem num “stand up comedy” o público daria umas boas risadas. Eis:

1) Por que tudo que é bom engorda?

2) Por que tudo que a gente quer comprar ou acha bonito é caro?

3) Por que que todo mundo que a gente tá afim (do tipo: “esse eu tinha coragem...”) já tem dono? (já pensei um dia... antes de casar, claro!)

4) Por que que quando a gente bate o olho numa coisa e vai pegar já tá vencido, estragado ou é o último e tá riscado?

5) Será que que a gente é invejoso ou só admira quem tem bom gosto?

6) Será que tudo que a gente ia fazer já estava escrito (Deus, ou para outros, destino) ou é só tudo coincidência mesmo?

De uma coisa sei. Não é coincidência quando você acredita que mesmo nos momentos mais banais da vida (como comprar uma blusa por exemplo) Deus está na direção da sua vida.
De uma outra perspectiva, vou responder as perguntas com outras. Eis:

1) Já pensou na pessoa errada na hora errada?

2) Na comida fora da validade antes daquela prova da sua vida (ENEM, OAB, INSS, etc)?

3) Já pensou que se você não usasse óculos? Ia comprar o vestido riscado, e todo mundo na festa ia reparar menos você, ou pelo menos só na hora que chegasse em casa (depois da festa, é claro!). kkkkkk

4) E se você só comesse sem engordar? Morreria com colesterol e diabetes antes dos 35.

5) E se pudesse comprar tudo que o dinheiro oferecesse? Aqui no Brasil, ou seria candidato no próximo pleito e teria muito o que explicar, ou seria assaltado, ou sequestrado por um bom regaste, ou não teria um amigo de verdade (apenas um), e ainda, não teria uma mulher/marido que te amasse pelo que é (só pelo seu dinheiro).

Não tenho todas as respostas mas sou grata pela misericórdia de Deus, por acreditar n'Ele, por confiar meus passos a Ele. E, o principal, por acreditar que “Tudo que Ele faz é bom e sua misericórdia dura para sempre”. AMÉM!

[...]

PS: Não se preocupe! Não sou mais adolescente, não estou tendo uma crise existencial e nem espiritual. Como disse só estou tendo um momento em família e criando um assunto pra dar boas risadas.

sábado, 31 de dezembro de 2011

MEMÓRIAS DE 2011: UM ANO PARA SER LEMBRADO


Pois é, tá todo mundo comentando... “adeus ano velho, feliz ano novo!”.
Hoje resolvi escrever este post para caminhar na contramão. Enquanto todo mundo está fazendo listas do que pretende conquistar em 2012, eu vou destacar algumas das muitas coisas boas que vi e vivi em 2011.
Vamos dividir em três categorias (didáticas de professor):

1º O QUE VI NOS CINEMAS:

- AS VIAGENS DE GULLIVER
- CAPITÃO AMÉRICA – O PRIMEIRO VINGADOR
- CARROS 2
CONAN – O BÁRBARO
- HARRY PORTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – 02
- INVASÃO DO MUNDO – BATALHA DE LOS ANGELES
- KUNG FU PANDA 2
- LANTERNA VERDE
- MISSÃO IMPOSSÍVEL – PROTOCOLO FANTASMA
- OS AGENTES DO DESTINO
- O ZELADOR ANIMAL
- OS PINGUISN DO PAPAI
- OS MUPPETS
- OS SMURFS
- OS TRÊS MOSQUETEIROS
- PIRATAS DO CARIBE 4 – NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS
- PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM
- SE BEBER, NÃO CASE! 2
- THOR
- TRANSFORMERS – O LADO OCULTO DA LUA
- VELOZES & FURIOSOS 5 – OPERAÇÃO RIO
- X-MAN – PRIMEIRA CLASSE

2º LIVROS QUE LI:

- PARA QUE SERVE DEUS (PHILIP YANCEY)
- HONORÁVEIS BANDIDOS: um retrato do brasil na era Sarney (PALMÉRIO DÓRIA)
- OS CAMINHOS DE MANDELA: lições de vida, amor e coragem (RICHARD STENGEL)
- ORAÇÃO: ela faz alguma diferença? (PHILIP YANCEY)
- D. PEDRO I – perfis brasileiros (ISABEL LUSTOSA)
- D. PEDRO II – perfis brasileiros (JOSÉ MURILO DE CARVALHO)
- NUNCA É TARDE DEMAIS: dicas práticas para mudar o curso de sua vida (LOWELL SHEPPARD)
- MARAVILHOSA GRAÇA (PHILIP YANCEY)
- MARLEY E EU: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo (JOHN GROGAN)
- ÁGUA PARA ELEFANTES: a vida é o maior espetáculo da terra (SARA GRUEN)
- MIL DIAS NA TOSCANA: memórias de um vilarejo repleto de comida, romances e, acima de tudo, vida (MARLENA DE BLASI)
- ALMANAQUE ANOS 80: lembranças e curiosidades de uma década muito divertida (LUIZ ANDRÉ ALZER & MARIANA CLAUDINO) - (leitura em andamento)
- STEVE JOBS (WALTER ISAACSON) – (leitura em andamento)

3º LUGARES QUE VISITEI:

- AXIXÁ - MA
- BACABAL – MA
- BRASILIA – DF
- CALDAS NOVAS – GO
- GOIÂNIA – GO
- IMPERATRIZ - MA

Bem, é isso! Esse pequeno resumo guarda muito dos grandes momentos que vivi no ano de 2011. 
Agora imaginem todas estes instantes embalado ao som de duas músicas que compuseram a trilha sonora de minha vida ao longo deste ano... "Rolling In the Deep" (ADELE) e "Viva la Vida" (COLDPLAY).
Agradeço a Deus por todas as bençãos que ele derramou sobre minha vida, dos meus familiares e amigos durante esse ano que se finda. Agradeço pela esposa e filha maravilhosas que tenho. Que Sua graça e misericórdia continue sobre todos nós nesse novo ano. Desafios virão, mas as conquistas serão ainda maiores.
Um abraço a todos e... FELIZ 2012 !!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

NÃO É SÓ UMA BORBOLETA... É UMA BORBOLETA!!!


Antes de tudo, um alerta. Uma espécie de pedido. Dêem uma chance a este texto. Poderá parecer confuso no início (e é), mas no fim, daremos um fim. Eu prometo!
[...]
Há um tempo atrás discutia com uns amigos o significado de palavra “percepção”. Chegamos à conclusão que, de modo simples, poderíamos defini-la como sendo o resultado da comunicação entre o ser humano e a realidade. Dito isso, por hora, mudemos de assunto...
Recentemente, desenvolvi um debate, com os alunos de Publicidade e Propaganda, sobre um texto chamado “Propaganda, Felicidade e Consumo”. Mas não! Este não será um artigo para discutir o texto. Só o cito para poder chegar a um ponto: num dado momento, Ismar Capistrano, o autor, disse que uma das principais características dessa “desnorteada sociedade de consumo” é o lúdico. Ou seja, a felicidade só seria alcançada a partir da fuga da realidade.
Ok. Agora vamos arrumar (só um pouco!) as coisas. Juntemos a “percepção” e o “lúdico”.
Percebam que para os dois termos apresentados aqui, há um único contraponto... a realidade. Mas uma pergunta pode ser feita: se na dita “sociedade de consumo” a felicidade é resultado da fuga da realidade (o lúdico), qual é a nossa percepção da realidade?
Digo, se a maneira como a realidade se apresenta nos obriga a buscar um escape, será que o problema não está na maneira como nós a percebemos? E, se a resposta for sim, quem ou que será o responsável pelo problema?
Todos os dias, mesmo que você não se dê conta, experimentamos um turbilhão de sensações... algumas nos fazem arrepiar, outras já não têm mais esse poder. O banal (outrora excepcional) nos cauterizou! Em muitos sentidos o homem moderno tem perdido a capacidade de se emocionar, de se indignar, de se alegrar, de urrar... de viver a vida de maneira plena. Muitos chegam ao fim do dia sem ter um só grande instante para lembrar.
Agora surgem outras perguntas: o que seria um “grande instante”? Com qual frequência eles acontecem? Seria uma espécie de Cometa Halley?
No Google há aproximadamente 1.230.000 resultados, encontrados em 0,17 segundos, que citam a expressão: “a felicidade está nas coisas mais simples da vida”. E então? Por quê é tão difícil viver na pele a felicidade da simplicidade? Será que dentre as, aproximadamente, 1.230.000 pessoas que escreveram a expressão citada, existe alguém que possa ensinar ao mundo o “segredo da felicidade”?
Bem, eu conheço uma pessoa que curte a vida de maneira plena. Não é nenhum guru, tem apenas 5 anos de idade e vive neste mundo (às vezes)... minha filha.
Ahhhh! Mas criança não vale! … alguém pode está pensando.
 - Mas por quê não?!
Certo dia, enquanto caminhávamos em direção ao carro, ela deu grito recheado de felicidade. UMA BORBOLETA!!! Gente, não era uma grande, excepcional, nem colorida borboleta. Entretanto, enquanto para mim era SÓ uma borboleta (comum!), para ela era UMA BORBOLETA!!!!
Vocês estão sacando meu raciocínio? Acho que se nossa maneira de perceber o mundo (a realidade) pudesse incluir um pouco do olhar da criança, não precisaríamos ter a felicidade como algo tão distante e, às vezes, tão caro! Ouvir minha filha dizer: “Pai, você é o melhor pai do mundo em toda minha vida” é maravilhoso!
Muitas pessoas apenas depois de passar por uma situação de risco iminente de morte têm conseguido desenvolver esta capacidade de ver a vida com outros olhos. Será que precisaríamos quase morrer? Penso que não!
Refletir sobre a vida, aprender a valorizar a família, cultivar amizades verdadeiras, confiar em Deus, são coisas que podem ser feitas agora. Exercite seu olhar! Perceba a realidade de maneira diferente.
E, como prometido... FIM!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

EXISTEM ONG's E ONG's: NÃO SE DEVE JOGAR FORA A CRIANÇA JUNTO COM A ÁGUA DA BACIA!



Na noite de ontem, assisti com indignação uma reportagem do Fantástico denunciando suspeitas de irregularidades junto a ONG “Pra Frente Brasil”. Instalada no interior de São Paulo, a ONG é dirigida pela ex-atleta Karina Valéria Rodrigues, eleita em 2008 vereadora na Câmara de Jaguariúna.

Segundo a reportagem do Fantático:

A ONG - que hoje se chama “Pra Frente Brasil” - atua em 17 municípios do estado de São Paulo. Entre as atividades oferecidas, está o programa “Segundo Tempo”, do Ministério do Esporte. Considerado estratégico pelo governo federal, esse programa começou em 2003, com o objetivo de democratizar o acesso ao esporte. R$ 750 milhões já foram repassados para prefeituras, estados e organizações não governamentais.
Só a entidade da ex-jogadora Karina recebeu cerca de R$28 milhões nos últimos seis anos.
É a ONG que mais ganhou dinheiro do Ministério do Esporte. Parte dessa verba seria usada na compra de lanches. A principal fornecedora de lanches para a entidade é a empresa RNC, de Campinas.”

Como professor, sobretudo do curso de Ed. Física (Fac. São Luis), tenho percebido, no útimos tempos, de maneira mais clara a importância do Esporte como instrumento de inclusão social. Portanto, ver a possibilidade do dinheiro público, que poderia ser aplicado na formação das crianças, está sendo desviado... é realmente algo para se revoltar! (Importante ressaltar que as denúncias feitas pela reportagem ainda não foram apuradas pela Justiça)
Numa sociedade em que os valores (de respeito, responsabilidade, cidadania etc.) foram renegados a segundo plano, o ESPORTE tem um importante poder de resgate. Não há dúvidas de que a prática do esporte pode ensinar às crianças a importância da dedicação, do esforço, da disciplina, do respeito e do trabalho em equipe. Pensar que uma ONG, entendida como grande parceira da sociedade na promoção da cidadania, esteja tirando das crianças essa oportunidade de terem suas realidades transformadas pelo poder do esporte, repito: É REVOLTANTE!
Mas há algo que precisa ser lembrado: existem ONG's e ONG'S! Ou seja, para usar uma expressão que aprendi com a Profª Drª Rosa Godoy (UFPB), “não devemos jogar fora a criança junto com a água da bacia!”
Enquanto milhões de reais têm sido investidos em projetos de ONG's com atuações duvidosas, outras tanto tem oferecido serviços de assitência, de qualidade, a muitas crianças e adolescentes carentes do Brasil, e isso com os raquíticos recursos que dispõem.
Resta a nós, cidadãos (privilegiados até!), pelo menos, duas opções: 1ª - atuarmos como fiscais do dinheiro público... denunciando irregularidades e assumindo nossa responsabilidade na hora de escolher os nossos representantes. Isso mesmo! As nossas escolhas diante das urnas tem uma relação direta com os casos de desvio de dinheiro público destinados a projetos sociais. E, 2ª – nos tornar parceiros de ONG's e outras instituições que com seriedade, transparência e dedicação estejam fazendo grandes projetos de recuperação da dignidade de crianças, mendigos, sem-teto, idosos, etc.
Há poucos dias atrás, no dia 12 de outubro (Dia das Crianças), tive o prazer de participar de uma grande campanha de arrecadação de brinquedos para as crianças do Instituto Vida Feliz, localizado no Parque Jair, São José de Ribamar. Foi algo simplesmente lindo! Inclusive, uso este post para agradecer a todos os meus alunos, alunas, e amigos em geral, que contribuíram para a realização da campanha. As crianças adoraram.
Então é isso, gente. Fico por aqui. E não se esqueçam das palavras da Profª Rosa.

Abraços.