quarta-feira, 8 de junho de 2011

E SE D. PEDRO II MONTASSE UMA CONSULTORIA?



Não me perguntem o que me motivou a escrever este texto. Eu não sei! E nem adianta você tentar fazer qualquer relação com “alguns” atuais episódios no mundo da política. Inclusive, de já eu adianto: qualquer AUSÊNCIA de semelhança com a realidade, terá sido mera coincidência.
O historiador José Murilo de Carvalho publicou, recentemente, um livro biográfico sobre D. Pedro II. É com base em algumas passagens dessa obra que conjecturo...
… E se D. Pedro II montasse uma empresa de consultoria?
Órfão de mãe e abandonado, ainda criança, pelo pai, poderia prestar consultoria dando dicas de como superar traumas familiares e vencer na vida. Já pensou? Acho que dava, afinal segundo José Murilo, “a palavra que melhor define sua infância é orfandade”.
Apaixonado por livros, era “um leitor voraz”. Em seu diário, escrito em 1962, disse que sua grande vocação eram as letras, as artes e a ciência: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências”. Acredito que poderia ter se tornado um excelente tutor. Ou então, poderia montar um consultoria para aqueles interessados em ampliar seu universo cultural... com direito a dicas de viagem. D. Pedro II adorava viajar.
Outro episódio interessante fica por conta de seu casamento. Vítima de propaganda enganosa, casou, por procuração, com uma mulher que nem de longe se assemelhava ao retrato que, previamente, lhe havia sido enviado. “A mulher que lhe tinham arrumado era quase quatro anos mais velha, de cultura modesta, baixinha, sem beleza e manca”, afirma José Murilo. Ora, bem que com esta experiência D. Pedro II poderia direcionar sua empresa de consultoria ao mundo do Publicidade e Propaganda, com palestras sobre ética e responsabilidade no exercício da profissão.
Vale destacar, entretanto, que apesar dos poucos (ou nenhum) atributos físicos por parte de D. Teresa Cristina, manteve-se casado até o dia em que esta veio a falecer... Ah, não posso esquecer de mencionar que nesse meio tempo, teve alguns relacionamentos extraconjugais, com destaque ao que tivera com a Condessa de Barral. “A paixão por Barral […] ultrapassou a atração física, foi eterna, sem deixar de ser chama”. Não esqueça a referência que fiz às várias amantes... seria o diferencial numa consultoria sobre... bem... vocês entenderam!
Mas, como se sabe, isto tudo são só devaneios... D. Pedro II não montou nenhuma consultoria! Este homem que foi manchete no jornal New York Times, em 16 de novembro de 1889 - “Com uma ou duas exceções, d. Pedro tem provavelmente um reputação pessoal mais ampla que a de qualquer outro monarca vivo” - , não montou sua consultoria e por isso deixou de ganhar, quem sabe, até 20 milhões!
Vejam o que diz José Murilo: “o descaso do imperador por dinheiro é bem ilustrado pela decisão de distribuir aos pobres os lucros, parcos, é verdade, da Fazenda de Santa Cruz, de propriedade da Coroa. Ele justificava a medida com o argumento de não querer que se dissesse que 'estava entesourando'. Por não entesourar, ao ser exilado teve de continuar a pedir empréstimos, que ainda não estavam pagos por ocasião de sua morte”.
Viram?? “O mais ilustrado monarca do século”, como noticiou o New York Times, na ocasião de sua morte, saiu do poder e não soube aproveitar toda a sua experiência política (afinal foi quase meio século, de 1840 a 1889, com direito a Guerra, impasses diplomáticos e Revoltas internas) para prestar consultoria... Perdeu a chance de ganhar 20 milhões!

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto! Muito bom mesmo!

    Não estou a par dos bons e maus momentos da política de D. Pedro II,entretanto, lendo seu texto, posso afirmar que seria único ter alguém, ao menos aproximado, com tal visão na política atual. Não a de aumentar o patrimônio em 20 vezes, mas de dissociar de seu patrimônio a coisa pública ou de pelo menos ter essa preocupação com o fato de "estar entesourando".

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