quinta-feira, 2 de junho de 2011

NEM TUDO QUE PARECE É... OU NÃO?!


Nas aulas de Sociologia ouvimos falar sobre a existência de uma estrutura social capaz de nos fazer entender o funcionamento da sociedade. Naquele instante, dois temas nos são apresentados como fundamentais: os conceitos de Status e Papel Social.
Ora, se, segundo Vila Nova, na obra “Introdução à Sociologia”, status é toda e qualquer posição ocupada pelo homem na sociedade e a cada posição há um papel correspondente, fica fácil constatar que temos que representar tantos papéis quanto status possuímos. Representar?! É exatamente isto que você leu!
Recentemente, finalizei a leitura do livro “Os caminhos de Mandela – lições de vida, amor e coragem”, de Richard Stengel, e um capítulo em especial me chamou atenção: “capítulo 05 – Represente o papel”. O capítulo tem início com a afirmação de que Mandela considerava que a melhor forma de fazer com que os outros conheçam o seu caráter é pela maneira como você se apresenta. Segundo o autor, para Mandela, as aparências importavam muito, portanto não se podia desperdiçar a oportunidade de causar uma boa primeira impressão.
Há poucos dias atrás, durante uma aula, disse aos meus alunos da turma do segundo período do curso de Psicologia o quanto era importante eles tomarem consciência do grau de responsabilidade que pousa sobre eles, desde quando optaram pelo curso. A sociedade constrói uma imagem acerca do profissional e nós somos pressionados a nos ajustar, o mais rápido possível, àquela expectativa. Aqui, o conceito de Fato Social – maneiras de agir, pensar e sentir de uma dada sociedade -, pensado por Émile Durkheim, marca presença com toda a sua coercitividade.
Pensar a relação status e papel não é simplesmente escolher a roupa certa para uma entrevista de emprego, é também entender o peso de ser cidadão: um ser responsável, com consciência crítica e senso de responsabilidade social. Assim, se desejamos, mais do que causar uma boa primeira impressão, corresponder satisfatoriamente à imagem de um verdadeiro cidadão, devemos, o quanto antes, fazer uso das ferramentas que nos são disponibilizadas: a leitura, a informação, o conhecimento. Penso que a medida que conhecemos nos tornamos mais completos.

6 comentários:

  1. O ator em cena atende a todas as expectativas do seu público mas depois dos aplausos, ele volta a sua realidade sem importar com o que deve ou não ser. Na frente das cortinas ele encena, e atrás delas, vive.
    As vezes me questiono se a pessoa internaliza esse comportamento imposto advindo da carreira que escolheu, ou apenas encena no palco. Por que por um lado, repete tantas vezes esse papel no dia a dia que acaba se tornando automático ... e por outro, as vezes precisamos de um quadro motivado, um motivo maior pra não abandonar o que fazemos.
    Não digo que seria um tudo ou nada: Ou gosta do que faz e faz direito, ou não gosta e abandona... Mas pode estar aí a diferença entre o mal e o bom profissional.
    No caso de Mandela, ele parecia ter uma missão única e própria dele ... Ele conseguiu realizar um sonho dele, mas ciente de que toda a África do Sul cabia dentro desse sonho. Enquanto, uma dada sociedade esperava 'maneiras de agir, pensar e sentir' de um presidente negro eleito, ele entrou como um líder que sabia o que precisava ser feito. O conhecimento e a consciência dele determinou a maneira de agir dele. É o meu motivo maior de ser professora, quem sabe isso não seja uma coerção ...
    Acho que os papéis não são definidos pela sociedade, mas pela importância desses papéis.
    Penso que a medida que 'nos' conhecemos nos tornamos mais incompletos. Parece que conhecer sempre é pouco.

    Inté Mais prof., bom texto!

    ResponderExcluir
  2. Cara ElizaBarroso, acredito que questionar-se sobre suas próprias escolhas, não significa fraqueza. Esse temor, antes de significar ausência de coragem, representa SER HUMANO. Um trecho do livro que citei no post diz: "A maioria das pessoas diria que Nelson Mandela personifica a coragem. Mas o próprio Mandela define coragem de modo curioso. Ele não a vê como inata, ou um tipo de elixir que podemos beber, ou aprender de algum modo convencional. Ele a vê como a maneira que escolhemos ser. Nenhum de nós nasce corajoso, ele diz. Tudo está na maneira como reagimos a diferentes situações".
    Somos, de fato, incompletos! Somos humanos!
    Obrigado pela participação.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. A essência humana é o medo,mas somos tão inteligentes que usamos artifícios como a coragem ou superação para sobrevivermos. Há uma linda complexidade dentro de cada um de nós...O que nos permite ser oq quisermos quando racionalizamos as situações...Bravo Roni!

    http://esperadeummilagre2.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Gostei muito do texto querido...
    Muito bom ter resgatado o Durkheim. De fato, nos cobramos e somos cobrados a corresponder com tais papéis sociais que nos são impostos pela coercitividade.
    Agimos conforme a "consciência coletiva" sem muitas vezes nos dar conta... é a vida acontecendo. Não descarto aqui a subjetividade dos atores sociais, bem como Durkheim também não fazia, mas não podemos deixar de atentar para o fato de que somos condicionados e a liberdade que as vezes parece única e livre é também imposta, mesmo que seja em forma de "escolhas".

    ResponderExcluir