sábado, 23 de julho de 2011

DIFUSÃO CULTURAL: 'RIQUEZA VERSUS EDUCAÇÃO'


NOTA: pessoal, resolvi incrementar um pouco o blog. A partir de hoje, além do meus textos, incluirei alguns outros retirados de sites, revistas, livros... tudo com as devidas referências, é claro! Outra coisa que também vai aparecer por aqui serão algumas dicas de filmes. Os títulos dos textos de outros autores serão sempre precedidos pela expressão “Difusão Cultural”, enquanto que as dicas de filmes, por “Filme bom de ver”.
Vamos ao primeiro texto de outro autor... (muito bom!)




"RIQUEZA VERSUS EDUCAÇÃO"

Carlos José Marques, diretor editorial da Revista ISTOÉ



Dois indicadores divulgados na semana passada mostram situações diametralmente opostas de um Brasil ainda repleto de contrastes. O País que teve 30 bilionários nativos incluídos na lista dos homens mais ricos do planeta – pessoas com mais de US$ 1 bilhão de patrimônio pessoal – é o mesmo que não conseguiu incluir sequer uma única universidade entre as 100 mais bem avaliadas por acadêmicos de todo o mundo. E o que é pior: o Brasil aparece na condição de único entre os chamados emergentes sem universidades tidas como “top” no ranking da Times Higher Education – que traz Harvard fi gurando como a melhor dentre elas. Esse paradoxo reforça ainda mais a surrada imagem da “Belíndia” – expressão cunhada décadas atrás pelo ex-presidente do IBGE Edmar Bacha para explicar que o abismo social no Brasil levava o País a se parecer com uma pequena ilha de exuberância econômica do porte da Bélgica cercada pela pobreza da Índia por todos os lados. Lamentavelmente, a imagem ainda vale nos dias de hoje.
Um aspecto a destacar nesse quadro de disparidades é que o investimento em educação por parte dos bilionários ocorre com frequência nos chamados países desenvolvidos, enquanto por aqui é pouco ou nada usual. Bilionários têm papel vital na sociedade em várias partes do mundo e costumam premiar resultados educacionais, um exemplo que deveria ser seguido internamente. De uma maneira ou de outra – seja pela falta de incentivo de nossos governantes, seja pelo baixo engajamento da iniciativa privada –, o fato é que falta preparo na base de nossa economia, na formação de mão de obra qualifi cada, e essa realidade reforça a concentração de riqueza e inibe o surgimento de novos empreendedores e de pessoas capacitadas a usufruir do atual momento da arrancada brasileira.
O nó da educação nacional é histórico, secular, mas alcançou um ponto crítico. De tal maneira que o Brasil está atualmente entre as dez nações mais ricas do mundo, enquanto, em relação a investimentos em educação, alcançou apenas a 73a posição. Nos números do PIB, uma pista para entender as razões do problema: embora na média global o investimento em educação gire na casa de 10% do Produto Interno Bruto, a média brasileira não passa de mirrados 3% a 4% do PIB. Esse descaso está custando caro.



(Revista ISTOÉ, Edição:  2157 | Ano 35 | 11.Mar.11)

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